Eu queria ter escrito ontem, mas realmente não tive tempo, pensei muito numa pessoa querida que estaria fazendo aniversário, meu pai. Se ele não tivesse partido para o mundo espiritual teria completado 92 anos ontem, mas um acidente de trabalho o levou com 56 anos, eu estava com 12 pra 13 anos.
Meu pai foi o primeiro artesão que eu conheci e convivi. Ele era funileiro, confeccionava e colocava calhas e condutores nas casas. fazia consertos em panelas, bacias, canecos, bules, frigideiras, etc.... E também sabia fazer lamparinas, canecos, taxos, etc...
Ele tinha muitas ferramentas e todas as vezes que ele ia trabalhar de colocar calhas, ele precisava carregar as ferramentas, era uma sacola super pesada. (ferros!)
Muitas vezes ele usava um carrinho de madeira (feito por ele) para transportar as ferramentas, quando era possível ele ir caminhando. As vezes ele andava longas distâncias empurrando o carrinho a procura de consertos e assim ele conseguia o dinheiro para nos alimentar.
A vida do meu pai não foi nada fácil, a probreza foi algo marcante e os sonhos não chegou a realizá-los.
As lembranças na minha mente estão muito próximas, mas é difícil descrever tudo o que passamos juntos.
Mas o que posso dizer dele em poucas palavras?
Ele era em primeiro lugar muito honesto, ele não dormia e nem ficava em paz quando estava devendo pra alguém.
Ele era trabalhador e ficava triste e preocupado quando estava sem serviço.
Ele era nervoso e impaciente com as pessoas, principalmente com os ajudantes que ele arrumava.
Ele era carinhoso com os filhos e gostava de fazer brincadeiras.
Ele sempre nos dava um dinheiro pra comprar doce e as vezes chegava a dar até o último que ele tinha no bolso.
Ele era muito cuidadoso com todos nós, acordava de madrugada para ver se os pernilongos estava nos mordendo ou se nós estávamos descobertos, passando frio.
Ele sabia cozinhar e fazia comidas deliciosas, isso por quê quando jovem ele trabalhou em restaurante.
Ele não fumava e não bebia, mas era viciado em café. Quando o café faltava ele sentia dor de cabeça.
Meu pai usava chapéu, era vaidoso e se sentia bonito, o contrario da minha mãe que não era vaidosa e nem se achava bonita.
Ele tinha muitos conhecidos, devido o trabalho, quase todos do bairro conhecia o Sr. Geraldo, o Funileiro.
As vezes eu sinto muito por ter sido uma filha malcriada pra ele, eu respondia quando ele me chamava atenção, que chato!
O tempo não volta atras e as lembranças estão guardadas com carinho dentro do meu coração.
Lembro dele penteando meu cabelo, bem de mansinho para não puxar os embaraços.
Lembro dele voltando do trabalho e trazendo pão no final da tarde.
Lembro dele trabalhando no quintal, procurando as ferramentas. Cadê meu martelo de bola? Quem pegou?
Lembro dele ligando maçarico a gás e tomando o maior cuidado para as crianças não ficarem por perto.
Lembro dele lavando o quintal por quê tinha derrubado ácido muriático.
Lembro das brigas, mas ele nunca nos abandonou.
Lembro dele tomando leite, para desintoxicar o organismo, devido o ácido que usava ao soldar chapas metálicas.
Nossa! Eu realmente sinto saudades do meu pai. Tantas coisas boas ele nos ensinou. Ele pouco batia na gente, bastava um olhar ou ele mostrava o cinturão e gente já entendia tudo. rsrsrsr
Lembro com alegria ao vê-lo chegando de longe na rua que nós morávamos então iamos correndo e gritando : Lá vem o pae! Lá vem o pae! Lá vem o pae! e os cachorros juntos todos nós na maior alegria. Isso era tão bom.
Um dia a gente se encontra, talvez nem saberemos que fomos um dia pai e filha, mas a alegria do reencontro com certeza fluirá em nossos corações.
Eu sempre peco a Deus para iluminar cada vez mais as almas dos meus antepassados e agradeço por tudo o que eles fizeram, sem eles eu não estaria aqui neste momento.
E a minha vida eu devo em grande parte a eles. Muito obrigada de coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário